Etica, moral e Bons costumes na clinica
- JACKSON SHELLA
- 19 de mai. de 2023
- 4 min de leitura
Atualizado: 2 de out. de 2023
Muito se fala em Ética, moral e bons costumes, mas será que realmente sabemos do que se trata tudo isso?
Claro antes de iniciarmos qualquer discussão é fundamental conceituar cada um desses termos.
Ética localizado no Latim ethĭcus, usado para se referir ao estudo dos atos humanos, a fim de alcançar o bem. Na filosofia é usado para distinguir o bom e o mau comportamento.
Mas afinal para que serve a ética?
É onde as situações devem ser analisadas por finalidade, com o objetivo de proporcionar a maior quantidade de bem-estar ao maior número de pessoas possíveis. Sendo por essa razão que vemos nas empresas por exemplo um código de conduta ética que os colaboradores devem seguir.
Moral é um conjunto de regras, costumes e formas de pensar de um grupo social, que define o que devemos ou não devemos fazer em sociedade de acordo com a cultura desta sociedade.
Bons costumes são as regras na sociedade em geral, condutas que estão em harmonia com o bem comum defendido pela cultura moral vigente, em outras palavras, o conjunto de ações e/ou condutas que são consideradas boas para todos.
Dito isso entendemos que a ética propõe questões como: "O que é o bem?", "O que é a justiça?", "O que é a virtude?"; a moral se desenvolve a partir da aprovação ou reprovação de uma conduta, levando em consideração a cultura em que estamos inseridos.
Dentro da clínica psicanalítica todos este conceitos devem ser levados em consideração, um profissional para ser considerado ético deve ser reconhecido pela sociedade como tal é isto somente será possível se o mesmo souber como se portar diante de cada cenário, conseguir olhar ao seu redor e respeitar os princípios morais do grupo com o qual ele interage, é necessário identificar quais são os bons costumes a serem utilizados, para somente então poder agir de forma ética.
A ética profissional é algo de extrema importância e não é adquirida com um diploma de doutor em ética, realmente isto está fora de questão, o profissional deve conquistar o seu lugar junto aos seus pacientes de que realmente está agindo de forma confiável.
Em todas as profissões temos postos códigos de conduta ética, mas entendemos que dentro da clinica psicanalista esta conduta deve ter uma atenção especial, pois como já sabemos o par analítico entre o analisando e o analista gera um vinculo e desperta sentimentos em ambas as partes e o resultado do tratamento esta atrelado diretamente a este vínculo afetivo gerando transferências positiva e negativas durante todo o processo e também as contratransferências e este turbilhão de emoções causadas ao longo das sessões podem se confundir e o analista acabar escolhendo não lembrar do código de conduta.
Rapidamente vamos recordar do que se trata a transferência e contratransferência na psicanalise.
A transferiria ocorre quando o paciente se sente acolhido e tem com este uma relação de confiança e este desenvolve um afeto próximo ao conceito de amor. O paciente “baixa sua guarda” sendo este um processo positivo, porem pode ocorrer a transferência negativa quando o analisando descarrega toda sua raiva no analista, que com o manejo adequado pode ser bastante proveitoso para o tratamento, a linha é tênue entre amor e ódio e isto ocorre dentro da clínica, sendo fundamental que o profissional saiba identificar as situações para usa-las adequadamente, quando isto não acontece em geral é porque temos a contratransferência que é o caminho oposto ao relatado anteriormente, e o analista por questões diversas se identifica com o analisando e passa a transferir as suas questões para o paciente.
Este manejo é delicado, pois não existe uma formula que possa ser aplicada e o resultado será obtido de maneira padronizada, estamos falando dos sentimentos, das emoções, expectativas das pessoas e o psicanalista está inserido nesse mesmo contexto, ao tocar uma alma humana é inevitável que nossa própria alma também seja tocada.
Neste ponto o psicanalista esta envolvido com diversos grupos sociais com diferentes conceitos éticos e morais é de responsabilidade então deste profissional saber distinguir cada um deles, pois o próprio possui seu código de ética e moralidade pessoal e não deve sob hipótese alguma permitir que isto interfira no processo de análise, a ética dentro da psicanalise deve ser laica, o profissional pode ter por exemplo a sua crença religiosa, mas deve manter-se de mente aberta para receber casos onde a fé do paciente diverge da sua filosofia religiosa, a ética dentro do âmbito familiar deve ser aplicada, pois não deve transferir para o seu convívio pessoal as questões trazidas pelos pacientes e transferir para a sua família situações que não se aplicam naquele cenário, ou para o analisando com um conselho de ordem pessoal pois cada interação é única e o que se aplicou em uma configuração familiar não necessariamente funcionara em outro mesmo que similar.
Para não nos delongarmos em demasia pois os exemplos são inúmeros, a mensagem que fica é que o profissional da clínica psicanalítica deve ter um olhar não exclusivamente para um código de regras, mas sim uma visão de 360 graus, considerando as regras de conduta, o código moral e os bons costumes de onde esta clinicando, sem trazer os pré-conceitos que ele mesmo pode carregar em função da sua experiencia pessoal.
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