O Amor e suas Neuroses
- JACKSON SHELLA
- 6 de nov. de 2023
- 4 min de leitura
Quem nunca sofreu por um grande amor, ou então fez de tudo para recuperá-lo? Bem isso é uma realidade muito comum, são raros os casos em que uma pessoa não tenha sofrido por um amor perdido. Então vamos analisar de onde vem estes sentimentos e qual a relação ou influência que traumas vividos na perda do amor de nossa vida podem causar se não estivermos devidamente bem resolvidos.
Para darmos início vamos entender um pouco da história do Cupido. Sim, este anjinho de olhos azuis e cabelo encaracolado com seu arco e flecha acertando a todos nos. Ele também é conhecido como o Deus Eros, filho de Afrodite, se tornou um homem muito belo e irresistível, ficando conhecido como o Deus do Amor e do Erotismo, pois despertava os mais secretos desejos, como cupido lançava sua flecha de forma travessa, pois a paixão nos faz perder a razão em muitos casos.
Eros conhece Psique, o qual se apaixona, e aqui adentramos em mais uma parte da mitologia grega que nos auxiliara a compreender a nos mesmos.
Psique era uma jovem donzela, porém mortal, o que despertou a fúria da Afrodite exigindo que Eros acertasse Psique com sua flecha fazendo com que se apaixonasse pelo ser mais desprezível, porém ao fazê-lo Eros acerta seu próprio dedo e Psique então se apaixona por Eros, nesse momento Psique conhecida como a personificação da Alma e Eros o Deus das Paixões se unem, porem para não despertar a fúria de Afrodite Eros não permite que sua amada o veja. Psique sendo uma mortal então sofre a influência de suas irmãs que imbuídas de inveja a convencem que ela veja o rosto de Eros e ao fazê-lo e ser descoberta Eros sentindo-se traído se enfurece e parte deixando-a para trás eis aqui a origem do amor ferido, então o arrependimento toma conta de Psique e decide que precisa recuperar o Amor perdido e para isso busca o perdão de Afrodite que impõe condições quase que impossíveis de serem realizadas pela Psique que as realiza bravamente todas as tarefas conseguindo desta forma o consentimento para a união entre Psique e Eros, que geram uma filha chamada Henode a Deusa do Prazer.
Agora poderíamos nos perguntar o que este mito grego tem a ver com nossas neuroses. Eu diria que muita coisa, pois como Freud nos demonstrou se não passarmos por todas as fases de desenvolvimento de forma saudável poderemos desenvolver os mais diversos tipos de transtornos. Portanto, se o amor de Eros, ou melhor, o erotismo não for claramente entendido podemos nos tornar Narcisistas, podendo desencadear uma disfunção orgástica que ao se considerar o mais belo de todos o indivíduo não consegue se concentrar na relação sexual, se a fase oral não passar sem traumas, ou seja, sem o devido acolhimento materno, sem a sensação de proteção que o bebe sente ao ser amamentado, a angústia da perda de um grande amor pode nos paralisar e ao invés de termos a atitude para buscar nosso grande amor, sintomas como comer ou beber em excesso podem surgir ou então se ao beijar eu me angustio este pode ser indicio da falta de afeto assim como Psique teve ao ser rejeitada pelo pai antes de ser acolhida por Eros.
Outra relação que podemos ver é quando suas irmãs com inveja de Psique a induzem a trair a confiança de Eros, aqui enxergo claramente uma fase anal mal resolvida por parte de suas irmãs. Nesta fase é o controle que está sendo desenvolvido e quando a falta deste controle se torna doloroso a inveja pode ser um caminho de fuga, pois se não posso ter o que o outro tem então movimento minhas energias para tirar do outro o que não posso conseguir e assim manter um aparente controle da situação, é onde vemos muitas pessoas buscarem através de intrigas prejudicar a ascensão profissional de um colega, pois assim demonstro que ao prejudicar uma possível promoção eu estou no controle de quem pode ou não ser promovido, assim como as irmãs de Psique que ao destruírem indiretamente a relação, logo em seguida buscam por Zéfiro a fim de tomar o lugar de sua irma, porem caem do precipício sem serem acolhidas por Eros.
Também temos a Sublimação que pode ser desencadeada ao se perder um grande amor, pois ao direcionar toda sua energia da libido para a realização de tarefas tao árduas e praticamente impossíveis. Assim podemos ver grandes gênios da história que direcionam toda sua energia sexual para desempenhar determinada tarefa com a maior perfeição imaginável, podendo ser nos mais diversos campos de nossa existência, artes, engenharia e muitas vezes pela caridade ao próximo.
E por fim aprendemos com este mito que ao desenvolvermos o amor de Eros, de forma sensual a autoestimaserá nossa aliada porem se identificarmos que sentimos prazer apenas se outras pessoas nos observarem estamos no caminho de alguns transtornos sexuais, vemos também que o amor definido porAristóteles no tratado de Ética de Nicômaco como descrito sendo Philia, entendido como amizade ou sentir prazer e felicidade a quem estápróximo elimina a inveja e logo uma fase de desenvolvimento psíquico estará bem resolvido, para então chegarmos ao amor denominado Ágapeconhecido como o amor que se doa, que é sentir-se realizado ao ajudar o próximo, mas para isso a sublimação deve ser bem trabalhada em nossa mente para que esta não se transforme em uma disfunção por carência.
Portanto, oErotismo, aliado à nossa racionalidade psicologia, pode facilmente gerar o prazer sem culpa e minimizar quaisquer transtornos de ordem sexual que possam ser desencadeadas.

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